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sábado, 6 de maio de 2017

Becky G compartilha sua história de vida e seu sonho americano


Via Facebook, Becky G publicou um textão falando sua trajetória de vida, falando de sua família e carreira. Becky publicou por ser orgulhosa de ser Mexicana e por ser dia 5 de maio [dia que os Mexicanos celebram uma vitória militar].

Leia a tradução a baixo:



TRADUÇÃO: EQUIPE BGNBR

"Compartilhei esse discurso com a minha cidade de Inglewood no ano passado e hoje gostaria de compartilhar essas palavras especiais com vocês. A cultura mexicana é o que me faz ser quem eu sou. Hoje e todos os dias eu sou orgulhosa em ser mexicana. Que viva Mexico! 💚❤ #CincoDeMayo


Todos tem a sua própria versão do Sonho Americano. As pessoas vêm de todo o mundo para morar na "terra das pessoas livres". Para os meus avós mexicanos, o sonho americano começou pela necessidade de uma vida melhor, de melhor educação e de melhores oportunidades de emprego para seus entes queridos. Para alguns, como o meu avô Miguel, isso também significava deixar para trás sua família para garantir uma vida e uma casa. 

Para todos os meus avós, que a propósito estão todos vivos, saudáveis e presentes na nossas vidas, as suas versões do sonho americano se tornou uma realidade. Eu sou abençoada por ter passado tempo com eles e aprendido suas histórias de quando eles vieram para esse país. Eles foram afortunados o suficiente para verem todos os seus filhos se casarem e terem seus próprios filhos. À medida que as próximas gerações crescem, o sonho americano continua evoluindo em sonhos ainda maiores. Graças aos meus avós por serem tão corajosos, vindo a esse país com apenas a roupa do corpo e não muito dinheiro em seus bolsos, nós, a próxima geração, podemos agora seguir nossos próprios sonhos. Eu quero compartilhar com vocês a história do meu sonho americano. 

Às oito da noite de uma noite de domingo, dia 2 de março de 1997, eu, Rebbeca Marie Gomez, nasci no Daniel Freeman Memorial Hospital, em frente ao cemitério de Inglewood. Meus pais, Francisco e Alejandra, tinham acabado de se casar e começado a sua família nas idades jovens de 19 e 17 anos. Com o passar do tempo, nossa família apenas cresceu (somos latinos, o que eu posso fazer). Quando eu tinha cinco anos, éramos seis no total. Meus pais, meus irmãos, Frankie e Alejandro, e minha irmã, Stephanie. Crescer com uma grande família foi uma benção e eu não consigo imaginar sendo de outra maneira.

Há tantas coisas que eu lembro enquanto crescia e todas elas aconteceram aqui, na cidade de Inglewood. Eu lembro de estudar na Oak St. Elementary, com meu irmão Frankie. A propósito, um alô para a minha professora favorita, nossa professora do jardim de infância, a Senhora Julie; ela era a melhor. Lembro-me também de fazer parte do grupo de balé folclórico da escola e de me apresentar pela primeira vez no Oak em uma das assembléias matutinas. Eu também não posso esquecer do prazer de ser tradutora de alguns estudantes que não sabiam falar inglês. Uma das minhas memórias favoritas e uma das mais vívidas é quando todos os dias depois da escola a gente andava com a minha avó até o Kelso Market. Você conseguia sentir o cheiro dos chi-cha-rones logo ao entrar. Nós comprávamos um saco de Hot Cheetos e minha vó comprava o seu hamon. Quando chegávamos em casa, era hora do segundo almoço. Todos sabemos que avós latinas gostam de nos alimentar. Tortas ou fideos estavam geralmente no menu.
Os verões aqui em Inglewood foram passados junto com meus primos e irmãos, correndo no jardim com os sprinklers de água. Embora não tivéssemos uma luxuosa piscina no nosso quintal, os toboáguas do K-mart funcionavam muito bem. Também não posso me esquecer dos refrigeradores que meu pai enchia de água, e que éramos pequenos o suficiente para caber neles. Quando fiquei mais velha, as coisas começaram a mudar e eventualmente nos mudamos. Estávamos morando em Riverside, Califórnia, fazia dois anos quando a economia começou a cair. Em um momento estávamos bem, no outro, tínhamos esgotado a poupança da família e perdido a nossa casa. Chegamos no ponto em que sabíamos que não poderíamos continuar vivendo com medo de alguém nos expulsar de casa. Fizemos a decisão em família de sair de lá. Eu nunca esquecerei o que os meus pais me disseram naquele dia. Eles disseram, "não é uma casa que faz um lar, são as pessoas vivendo dentro dela, ELAS são o seu lar", e isso me lembrou da nossa união como latinos, nós sempre ficamos juntos.

Eu aprendi cedo que mesmo quando você cair, você precisa se levantar. Quando eu tinha nove anos, nós estávamos morando na garagem dos meus avós. Nessa idade, você é velho o suficiente pra entender o que está acontecendo, mas jovem demais para poder fazer alguma coisa. Eu percebi que meus avós vieram para cá e construíram algo do nada. Eu me vi seguindo seus passos de bravura. Foi nessa época que eu ativei essa ambição dentro de mim. Eu sabia que não tinha nada e que a gente precisava de algo. Nunca deixei a minha idade, tamanho, vida e situação financeira me impedir de seguir os meus sonhos e de conseguir tirar a minha família daquela situação.

Sendo mexicana, a nossa família era gigante! Por terem tantos de nós, a única forma de conseguir atenção era fazendo shows de talento na sala em reuniões de família. Eu decidi levar o meu amor pela música e entretenimento para um nível profissional. Eu me sentei com meus pais na nossa pequena garagem e coloquei um contrato nos seus colos. Eu pedi que, mesmo não estando na melhor situação financeira, eles me dessem seis meses para tentar. Eu procurei as dez melhores agências para crianças em LA, liguei e perguntei o que precisava para seguir em frente. Apesar de parecer complicado, eu sabia que não era impossível. Se nesses seis meses nada acontecesse, eu prometi para meus pais que nunca incomodaria eles novamente. Mas se as coisas começassem a funcionar, nós iríamos continuar. Eu disse a eles que estava aberta para negociações. Sim, uma menina de 9 anos. Negociando. Eu sei, uma crise de meia-idade dessas. Os meus pais, sendo os pais incríveis que eles são, tomaram a decisão de me apoiar. Se é pra ser completamente honesta, eu não fazia ideia do que eu estava fazendo ou aonde eu estava me metendo, mas eu nunca pensei que não fosse funcionar. Eu sabia que a cada passo eu estava mais próxima. Alguns passos eram um pouco pra direita e outros um pouco para esquerda, mas eram todos para frente.  Eu tinha 11 anos e estava trabalhando. Viajando, no set, balanceando escola com trabalho, fazendo reuniões, indo para audições, a coisa toda. Eu amava cada segundo. O que eu mais amava era o salário. Antes que você assuma que haviam vários zeros, deixe-me dizer que não foi nem perto disso. 230 dólares. Esse foi o meu primeiro salário. Todo salário foi para mantimentos, material escolar e é claro, gasolina, pois eu fazia a minha mãe dirigir de Inglewood até Valley até seis vezes por semana. Nenhuma criança de 11 anos pode ir sozinha para o trabalho, certo?

Não havia sentimento melhor do que poder contribuir com a minha família. Com todos os sacrifícios que eu e minha família fizemos, pouco a pouco estávamos chegando a algum lugar. Com longos passos estávamos lentamente nos reerguendo. Cada passo e decisão que eu fiz foram sempre discutidos com os meus pais. Eles me diziam para nunca fazer nenhuma decisão pensando apenas no dinheiro e que nem toda oportunidade era a oportunidade certa. Enquanto trabalhava, fui descobrindo mais sobre as minhas paixões no entretenimento e comecei a fazer rap, escrever as minhas próprias músicas e ganhar cada vez mais. Aos 14, decidi postar covers no YouTube, não sabendo que um desses covers mudaria a minha vida completamente. Eu fiz um cover de "Novacane", do Frank Ocean. Fiz outro de "Lighters", do Bruno Mars e Eminem", e o cover que mudou minha vida foi "Otis", do Jay-Z e Kanye. Fiz rap de 30 barras diretas e gravei um clipe em apenas uma tomada com um "orçamento de irmão". Sim, eu disse "orçamento de irmão" pois não era nem um orçamento baixo, foi tipo "Ei irmão, não tenho nenhum dinheiro mas acho que dá pra fazer alguma coisa, topa?", junto com meus primos e alguns objetos pra quebrar da garagem do meu avô, nós fizemos funcionar. 

Alguns dias depois, nós recebemos a notícia que uma gravadora estava interessada em me conhecer. Após uma reunião, várias outras gravadoras quiseram conversar comigo. Eu fiz algumas viagens para Nova York, tive algumas reuniões em LA e então tomei minha decisão. Eu sei que tinha apenas 14 anos, mas eu não era uma criança. Eu já me sentia como uma jovem adulta. Eu não iria deixar alguém me comprar com dinheiro. Várias vezes eu senti que eles queriam me conquistar mostrando coisas extravagantes apenas por eu ser uma pequena mexicana que vivia numa garagem. Mas eu sabia que era mais do que aquilo. Eu não queria que alguém me desse dinheiro, eu queria trabalhar por ele. Eu queria alguém que visse além da minha história e visse o meu talento. Eu queria assinar com alguém que acreditasse em mim. Que visse as mesmas coisas que eu via em mim. Alguém que me ajudaria com novas oportunidades e me ajudaria a crescer. Eu fiz a minha decisão e assinei o meu primeiro contrato. Aquele será para sempre um dos melhores dias da minha vida. Um novo começo. Um novo capítulo.

Ao invés de me apressar planejando uma Quincenera, eu salvei o meu dinheiro quando fiz 15 anos. Eu sabia que minha família precisava. Eu comecei a trabalhar no estúdio com produtores e escritores incríveis. Pude colaborar e aprender com artistas que eu idolatrava enquanto crescia. Pessoas como Pitbull, Will.I.Am, e a minha ídola, Jennifer Lopez. Eu pouco sabia que essas experiências seriam o começo de várias amizades e outras colaborações. Eu trabalhava no estúdio de segunda a sábado, escrevendo, cantando, fazendo rap, descobrindo mais e mais sobre eu mesma. Um dia, eu decidi que apesar de estar em uma gravadora, eu queria manter as coisas reais. Voltar para as minhas raízes e me apresentar para o público de uma forma que pareceu funcionar da primeira vez, fazendo um cover. Eu pensei muito sobre qual música seria perfeita para refazer do meu próprio jeito. Então me decidi. "Becky from the Block". JLO, uma forte latina que influenciou não apenas a mim, mas todas as mulheres da minha família, desempenhou um grande papel na minha paixão pela música. Em sua versão original, "Jenny from the Block", ela canta através de sua perspectiva de como é já estar no topo, para não se enganar pelos grandes diamantes que ela possui, essa música foi feita após ela ter alcançado a fama. Eu, que não possuía nenhum diamante para enganar ninguém, quis que a minha versão fosse da minha perspectiva. Uma promessa para os meus fãs, família e comunidade, que mesmo quando eu chegasse no topo, eu continuaria a mesma garota. Uma promessa para continuar andando até o Kelso Market mesmo também andando em tapetes vermelhos. Para continuar indo no Randy's Donuts. Eu não acho que os produtores e treinadores de Power Rangers gostam disso, mas ei... é Randy's Donuts. Eu fiz uma promessa. E eles são deliciosos então você não pode me culpar por sempre amá-los. 

As coisas foram difíceis, a jornada nem sempre foi fácil, as tudo me trouxe para esse momento. Hoje eu não estou aqui como Becky G. Hoje estou aqui como Becky from the Block. A mesma mexicana-americana orgulhosa, que teve um sonho e fez acontecer com o apoio de sua família, a paixão pela música e o fogo que nós latinos temos dentro de nós.
Eu posso não falar espanhol perfeitamente, mas eu honro os meus avós e a cultura em várias maneiras. Meu sonho sempre foi ser uma artista e empresária, poder viajar e compartilhar a minha paixão com o mundo, fazer algo de mim mesma para a minha família. Eu queria deixar os meus avós orgulhosos. Agora, quando eu estou em um palco, em algum set, eu apenas me sento para fazer uma entrevista, eu penso neles. Eu sei que eles estão assistindo. Ter o apoio deles é o mundo para mim, pois se não fosse por sua bravura, eu não estaria onde estou hoje. 
"Você não parece latina" ou "você nem fala espanhol", esses são comentários que nós latinos americanos de segunda ou terceira geração sempre ouvimos. A verdade é que, a falta de conhecimento da língua não diminui o sangue latino correndo em nossas veias ou as histórias que os nossos sobrenomes carregam. Não existe uma forma para a paixão que nós latinos possuímos. Apesar do meu espanhol ser imperfeito e de eu não ter nascido no México, eu tenho orgulho das minhas raízes. A história da minha família e o fato de todas as suas tradições e morais terem sido transmitidas para moldar quem eu sou hoje, é o que significa ser mexicana-americana de segunda geração para mim.

Obrigada por me deixar compartilhar a história do meu sonho americano.

Obrigada à cidade de Inglewood por me ter hoje. É uma honra. De verdade. "


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